A pomba, de Patrick Süskind
Em 1987, aos 14 anos, fiquei impressionado com o best-seller O Perfume, conforme relatei aqui numa postagem recente. Não foi deslumbramento de leitor novato: reli no ano passado e a obra é realmente de grande qualidade literária, e seu autor, o alemão Patrick Süskind, é um autor bissexto, e não um produtor em série de royalties.
Naquela mesma época, comprei e li o livro seguinte de Süskind, A Pomba. Aí já me parece que o adolescente se perdeu um pouco, pois se trata de uma novela psicológica, diferente da narrativa ágil do sucesso anterior, e o fato é que acabei não guardando nenhuma recordação do livro.
Corrigi isso fazendo uma releitura 25 anos depois.
A novela foca em um dia especial na vida de Jonathan Noel, depois de um histórico pregresso sobre a árida existência desse protagonista morbidamente introspectivo e misantropo.
Tal temática não me soa tão original na ficção contemporânea. Curiosamente, a situação da personagem e suas perambulações pela cidade me lembraram de um filme de 1959, O signo do leão, primeiro longa de Eric Rohmer.
Mas Süskind é inventivo e inteligente, e mostra passo a passo como o inusitado “incidente com a pomba” fez desmoronar a segura rotina de Jonathan Noel, levando a um desfecho extraordinário, que li com surpresa e muito gosto.
Recomendo para quem gosta de temáticas mais introspectivas.