terça-feira, 12 de agosto de 2008

Competir ou vencer? Os dois


Na época de Olimpíadas, costumo ouvir a seguinte crítica: se o Barão de Coubertin, criador dos Jogos Olímpicos da era moderna, afirmou que "o importante é competir", por que o quadro de medalhas privilegia o número de ouros conquistados por cada país, em detrimento do total de medalhas?

A colocação é legítima, porém não vejo contradição.

Em primeiro lugar, estamos interpretando que o Barão quis dizer "o importante é competir, não necessariamente vencer". Ou "o importante é participar". Mas será que foi essa a intenção dele? Veja que "competir" significa... "competir", e não "participar".

Mas vamos admitir que de fato o Barão pretendia falar da participação mesmo, ou seja, vamos concordar com o entendimento comum da frase. Ainda assim, não vejo contradição.

A graça de jogos e esportes é a competição. O que faz qualquer atleta treinar intensamente é a busca de render pelo menos um pouquinho mais do que todos os adversários. O que atrai multidões de torcedores é o desejo de ver seus compatriotas superarem os atletas de outros países. Tentando expressar de forma sucinta: a busca da vitória é inerente ao esporte, e é esse espírito que permite reunir os competidores.

Sendo assim, o ouro é incomparavelmente superior às outras medalhas.

Sem contradição com isso, vejo o Barão querendo dizer que a tentativa e a luta são importantes. O importante é participar, e participar significa acreditar: acreditar que se tenha potencial, acreditar que se tenha "garra", acreditar que se tenha instinto de vencedor. Perdeu? Mas acreditou, e com isso cresceu muito mais do que se tivesse simplesmente se acomodado na simples crença da inferioridade.

Além disso, se for para levarmos ao pé da letra o questionamento de que duas pratas deveriam "valer" mais do que um ouro, e dois bronzes mais do que uma prata, então teríamos que dizer que dois quartos lugares valem mais do que um bronze, que dois quintos valem mais do que um quarto. Nesse caso, não precisaria de quadro de medalhas: bastaria considerar campeão o país que enviou a maior quantidade de equipes ou atletas.

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