segunda-feira, 30 de março de 2009

1933 deu um livro bom


1933 foi um ano ruim, de John Fante, é um romance de grande inteligência criativa e deliciosamente rápido. De publicação póstuma, por mérito de Charles Bukowski, lembra J. D. Salinger e é provavelmente um tanto autobiográfico.

Peguei e li neste fim de semana, depois de enrolar um pouquinho. Tinha comprado por impulso, após indicação casual, feita como quem sugere um livro interessante, mas não necessariamente imperdível.

É imperdível. Mais direto que seu conhecidíssimo Pergunte ao pó, arrisco dizer que seja melhor. Fui surpreendido pela riqueza das situações, pelas interações entre os personagens, pelo humor nada ansioso.

Na quarta capa de minha edição, da L&PM Pocket, lê-se a chamada tão óbvia quanto inadequada: "O romance da desesperança do sonho americano". Parece ser necessário "vender" o livro como o "retrato de uma época" ou algo do gênero, para que a obra simplesmente tenha o direito de existir.

Ela tem o direito de existir porque é excelente. Leia quem tiver juízo. Por que seria um livro sobre "a desesperança do sonho americano"? O personagem principal é de uma família pobre e seu pai está desempregado. O que poderia ocorrer em qualquer país e em qualquer cidade em qualquer ano do século XX.

Em Pergunte ao pó, John Fante já contrariava essa lógica do pessimismo, criando um personagem que tinha tudo para ser um perdedor e acaba por "dar certo". 1933 tem um final aberto, mas a beleza da atitude do pai só pode nos encher de carinho e esperança.

0 comentários :