sexta-feira, 30 de março de 2012

O violino de Einstein

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Einstein foi convidado para falar sobre Física no almoço de uma pequena organização local de uma cidade. Na hora do evento, perguntou à plateia, formada basicamente por idosas, se não prefeririam que ele tocasse violino em vez de palestrar.

Todos concordaram que era uma boa ideia. Então ele executou diversas peças que tocava bem e proporcionou a todos uma experiência inesquecível.

O que Einstein fez foi conhecer seu público. Ele sabia que fora convidado a palestrar sobre Física porque era a maneira usual de chamá-lo para qualquer evento.

Mas entendia que o que aquela plateia efetivamente desejava era um encontro com o famoso gênio do século 20. Assim, em vez de aborrecê-los com um assunto tão hermético, criou uma experiência agradável para todos.

(História contada no livro The Art of Game Design, de Jesse Schell.)

domingo, 11 de março de 2012

Sobre “Imortais”

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[Resenha também publicado no Skoob: conheça esse site!]
[Contém spoilers.]

Imortais é um livro que havia comprado num saldão muitos anos atrás, e infelizmente demorou para ser lido. Trata-se de um excelente trabalho de edição de Isaac Asimov, que faz uma introdução ao livro e também a cada conto, com apresentações breves e reveladoras sobre os autores.

"O Homem de Areia", de E. T. A. Hoffman soou-me um tanto romântico em sua sucessão de peripécias, seu recurso epistolar no início, sua explosão de sentimentalismo, etc. Mesmo assim, chama a atenção a inventividade "científica".

Mary Shelley se sai melhor com "O mortal imortal" e seu personagem de 300 anos que tomou a poção de um alquimista e agora gostaria muito de poder morrer (reminiscente de uma brilhante passagem de As viagens de Gulliver).

O de Poe, um tanto rebuscado nas imagens, é pouco interessante e nem tão "científico".

Já o de Hawthorne é excelente no modo como trabalha o ponto de vista e a incrível história da mulher "envenenada", sendo a rivalidade entre os cientistas um perfeito pano de fundo para a história de amor.

"O relógio que andava para trás", de Edward Page Mitchell, não me encantou. Por outro lado, "De encontro ao sol", de Robert Duncan Milne, é muito bom. Não é muito literário, mas é escrito de forma direta e com bastante clareza. A história é instigante e apavorante: um cometa cai no sol, que aumenta muito de calor...

"Uma História de Gravidade Negativa", de Franck Stockton, é bem saboroso. Não entra no menor detalhe técnico sobre como foi criado o aparelho criado o aparelho que permite flutuar, mas tem uma história engenhosa e divertida. Boa qualidade literária.

"Horla", de Maupassant, que eu já havia lido numa antologia aqui registrada. Como na resenha eu havia escrito que "valia reler", reli. E valeu! Paranoia ou sobrenatural???

"As Formas", muito interessante conto de Rosny, aîné. Passa-se na época do nomadismo e supõe uma estranha raça de silício que ocupa um espaço cada vez maior na Terra e dizima os seres humanos - e como eles foram enfrentados.

Edward Bellamy fala de uma ilha perdida em que se desenvolveram humanos ledores de pensamento em "A quem isto possa chegar". Uma bela reflexão sobre ética e relacionamentos.

Conan Doyle faz uma história um tanto farsesca em "A grande experiência de Keinplatz".

"No abismo", conto de Wells, eu já havia lido anteriormente. Fala sobre exploração submarina e a descoberta de criaturas estranhas que vivem no fundo do mar. Muito bom.

"A catástrofe do Vale do Tâmisa", de Grant Allen, parece um precursor dos "filmes de desastre": Londres é destruída por uma grande erupção de fenda. Bom conto. "O lagarto", de Cutcliffe Hyne, é interessante. Não gostei muito de "Mil mortes", de Jack London. O tema é bom, mas parece escrito de forma amadora.

Excelente leitura para quem gosta de ficção científica, pois verá histórias que foram o ponto de partida do gênero, com variadas abordagens ao conceito. Difícil escolher um como "melhor" do livro, mas, dentre os 15 contos, destaco: "A filha de Rappaccini" (Nathaniel Hawthorne), "De encontro ao sol" (Robert Milne), "Horla" (Maupassant) e "A quem isto possa chegar" (Edward Bellamy).