segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Festa dos Intelectuais

Uns 10 anos atrás, escrevi uma crônica, achei divertida e mandei para o Millôr. Ele publicou no site dele do UOL, na seção de Colaborações, com o seguinte comentário:

"Excelente este envio de Paulo Santoro, que chamo de paronomasía (com acento no i) à falta de palavra mais precisa, no momento. Quem lembrar, me mande. Todos os nomes paronomisados são referências literárias. Assim, quem não fôr do ramo, não perca seu tempo. Clique outra. Este saite tem de tudo. Em alguns pontos tem até de nada. Obrigado, Santoro. M."

Só pude me encher de contentamento pelo elogio de um dos caras que eu mais admirava... desde que ele morreu estou para resgatar isso por aqui. O texto vai abaixo. Meu título era "Festa dos Filósofos", mas Millôr achou melhor "Festa dos intelectuais". Quem sou eu para discordar?

FESTA DOS INTELECTUAIS

A casa onde se daria o tertuliano ficava logo após a ponte spencer. Muitos convidados chegavam em Condillacs, outros em tradicionais freges a cavalo, que vinham em rápido trotsky. Outros em modestos Santayanas, que estacionavam perto da xenofonte. Belíssimas, as mulheres usavam peirces ou qualquer outro adorno nas orelhas, com exceção das empregadas, em averróis brancos. Os homens, elegantes em alinhados jaspers, achavam que eram os tales. Mas os calvinos, hipócrates, usavam chapéus.

Na entrada, todos degustavam um espumoso malebranche.

Chegou o momento da ceia. Depois de servirem condorcet com bacon, só se ouviam o chomsky-chomsky e os goles no licor de cassirer. Na mesa de descartes, uma animada partida de bataille, embora algumas mulheres tivessem schlick. Ao fundo, um epicteto tocava música popper.

Depois da ceia, os homens ficaram empédocles, conversando no teofrasto. As mulheres subiram à campanella, onde se detiveram bastante tempo antes de voltaire. A festa era em prol dos portadores de leucipo.

0 comentários :