E também se põe
Gostaria de fazer aqui algumas observações sobre o livro O sol também se levanta, de Ernest Hemingway (foto), que acabei de ler.
Meu primeiro comentário é que a tradução de Berenice Xavier, feita há muitas décadas e que tem se perpetuado em todas as edições, é um tanto defeituosa. Isso me deixou bastante afastado do livro, uma vez que eu tropeçava o tempo todo em frases estranhas que estavam obviamente mal traduzidas.
Além disso, o livro não é realizado num estilo que realmente me agrade. É algo pessoal, sem dúvida, mas gosto quando um autor explora a capacidade do romance para expor reflexões ou imaginações. Este romance de Hemingway aproxima-se mais do ideal de um bom roteiro de cinema, com sua visualidade marcante, seu excesso de diálogos e situações bem mais diretas.
Para completar, os aspectos temáticos não me cativam. Nem os mais profundos – “geração perdida”, a desilusão no mundo entreguerras, etc - nem os mais evidentes, que se proliferam na primeira metade e culminam na fiesta em Pamplona.
A interessante mistura de personagens, com seus dramas pessoais, foi o que me fez manter a leitura até o final.
Entendo que este livro seja um clássico e tenha especial significado para a cultura americana, e certamente também agradará muitos de nossos leitores. Nesse caso recomendo, se possível, tentar ler no original em inglês. Para mim foi uma leitura talvez intelectualmente proveitosa, mas emocionalmente fria.