quinta-feira, 13 de março de 2008

O miguxês de Guimarães Rosa

Evanildo Bechara foi meu grande professor de português. Na faculdade, devorei minuciosamente sua Moderna Gramática Portuguesa, que ainda assiste meus movimentos, aqui na prateleira ao lado.

Tem 80 anos e deu uma linda entrevista ao Jornal do Brasil. Como eu já poderia imaginar, aceita o miguxês, argumentando muito bem:

Eles abreviam muitas palavras, mas quem não domina as abreviações hoje em dia? Se você não sabe que MP é uma medida provisória, não consegue entender os noticiários. Além disso, esses jovens não se restringem ao miguxês, que usam apenas na internet.

Você não precisa escrever um miguxês por causa disso. Apenas aceite que é legítimo, embora restrito, do mesmo modo que todos os "dialetantes" devem admitir que nem todos irão compreender o que querem dizer...

Para não ver os desastres do noticiário, que talvez ele não tenha mais idade para suportar, diverte-se vendo o Pica-Pau. Mas seu golaço foi ao falar de literatura.

Autores como Guimarães Rosa, quando morrem fisicamente, morrem também literariamente. O Rosa não vai durar muito tempo, ele hoje só é lido nas universidades. Porque ele saiu dos trilhos, exagerou. (...) Quem me chamou a atenção para isso pela primeira vez foi o Graciliano Ramos. (...) Foi ele quem me disse: "O José Lins do Rego deveria escrever em uma língua mais comum, senão vai ficar esquecido".

Eu não vou comentar isso, somente dizer que Graciliano Ramos foi o melhor escritor brasileiro do século XX.

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