segunda-feira, 21 de junho de 2010

Dunga x Globo


Logo após o pronunciamento oficial da Globo - repetido ipsis litteris no SporTV - o Twitter foi invadido por uma enxurrada de "Cala boca Tadeu Schmidt", que foi o locutor anti-Dunga no Fantástico. Claro que gente do Twitter não representa o povo inteiro, mas já dá pra ver que nem todos estão do lado da Globo.

Dunga é antipático? Pode ser. Tem jornalista o criticando por certo "revanchismo". Dizem que até ao pôr a mão na taça, em 94, ele mais xingou os críticos do que comemorou positivamente. Mas será que é revanchismo simplesmente?

Pra mim, não. Dunga tem mesmo um trabalho coerente, como ele gosta de dizer. E jornalismo esportivo é o que existe de mais incoerente.

Um que denuncia isso é o Tostão. Na última vez que li, Tostão lembrou a cabeçada na trave do Santo André, no último minuto da decisão do Paulista. Segundo ele, se aquela bola entrasse - e não entrou por um mínimo detalhe -, todos estariam dizendo que o técnico do Santos foi frouxo ao deixar o Ganso em campo, que o Ganso foi irresponsável, e os pedidos para que ele e Neymar fossem convocados praticamente desapareceriam. Como discordar?

Quando, depois do jogo contra a Coreia do Norte, jornalistas elogiaram Robinho, Dunga ironizou: "um ano atrás vocês diziam que o Robinho não servia, agora ele é o melhor?". Crítica perfeita.

Anos atrás, quando surgiu a geração anterior dos "Meninos da Vila", com o próprio Robinho, Elano era um dos destaques. Depois ficou meio em baixa na carreira, mas foi chamado por Dunga e sempre foi bem. Mesmo assim, tinha gente até torcendo pra ele se machucar. Tinha gente que queria cortar Elano para pôr a aposta Ganso.

Mas o que vimos em 2 jogos? Um Elano muito eficiente, um grande nome para o time: desarma muito, passa bem, bate as bolas paradas - e ainda marcou 2 gols dignos de bons atacantes, fugindo da marcação antecipando em velocidade para finalizar com precisão. O que mais precisa?

E o Dunga inventou o Elano? Não. Ele já havia marcado gols contra Argentina, Itália e Portugal. Por que os jornalistas não informam?

O jornalismo esportivo é preguiçoso e incompetente. É só lugar-comum que a gente ouve.

Neste episódio, Dunga sussurrou "palavrões" que na hora eu nem entendi. A Globo é que amplificou. E está criticando Dunga como se ele tivesse feito uma ofensa direta.

Imprensa critica. Mas não aceita críticas?

Para terminar, digo com coerência: Dunga está fazendo um excelente trabalho, que não deixará de ser excelente caso a taça não venha para nós. Ou será que cada campeonato só tem um técnico bom - aquele que foi campeão?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A Jabulani está arruinando a Copa do Mundo

2010_jabulani

Não importa o jogo de cena de quem, por interesses de patrocínio, acusa ou defende a bola do mundial da África. Depois de assistir a todos os 16 jogos da primeira rodada, ficou claro que ela é realmente a culpada pelo mau desempenho dos ataques.

Faz anos que os goleiros reclamam das novas bolas lançadas a cada temporada, dizendo que elas são feitas para beneficiar os atacantes porque fazem efeitos demais. Ironicamente, agora é diferente: a bola está prejudicando os ataques.

Mesmo respeitando os padrões da FIFA, a Jabulani é de algum modo mais leve e ligeira do que a que os jogadores costumam usar. Assim, em todos os jogos são incontáveis as finalizações para cima do gol e, principalmente, os passes em que as bolas correm demais e saem sem que os atacantes possam alcançá-las.

Os gramados do Mundial são sensacionais, e isso só colabora para acelerar ainda mais a bola.

Todas as seleções estrearam, e foram marcados somente 25 gols, numa média de 1,56 gols por partida. É ridiculamente baixa. A menor média numa Copa foi a da Itália em 1990, com 2,21 gols por partida. Foi considerada tão baixa na época, que motivou o aumento da pontuação dada ao vencedor — passando de 2 para 3 pontos.

E estamos 30% abaixo daquela média!

Isso tem que ter um motivo, e não é a qualidade dos jogadores, nem as táticas. Esperava-se uma Copa com destaques ofensivos como Cristiano Ronaldo, Drogba, Messi, Robinho, além de equipes que atacam bastante, como a Holanda, a Argentina e a Espanha. E de fato vi muitos times tentando atacar, e atacando. Mas as jogadas não acontecem, porque a bola escapa o tempo todo, atrapalhando tanto os ataques quanto os contra-ataques rápidos.

A culpa também não é da “altitude”. A média de gols dos jogos nas cidades acima de 1.000 metros é até um pouco mais alta: 1,67 por jogo. A bola é ruim perto do mar ou longe dele.

A revista Placar pediu para Marcelinho Carioca testar a bola. Ele aprovou. Mas no vídeo da matéria eu só o vi chutando a bola paradinha no chão. Em condições de jogo é outra coisa. A bola é imprevisível e se mexe muito. O jogador pensa em pegar nela de um jeito, e acaba pegando de outro. (Veja os links no final.)

O blá-blá-blá de comentaristas como o Falcão, que diz que “jogadores de qualidade têm que se acostumar”, não se sustenta. O período de adaptação é curto, já foram realizados 25% dos jogos da Copa. Além disso, a adaptação necessariamente levaria a uma mudança de tipo de jogo, ou seja, as equipes teriam de fazer algo diferente daquilo que treinaram. Em consequência, cai o desempenho.

Tenho certeza de que a FIFA e a Adidas estão preocupadas com isso neste momento. Não conseguirão fabricar outra bola a tempo. E as Jabulanis da Copa já estão fabricadas e personalizadas.

O que fazer?

Agora é tarde. Trocar a bola por outra mais antiga não vai ocorrer. O que espero é que parem de palhaçada com as bolas de futebol. Quer vender? Muda o nome, muda a estampa, muda as cores. Mas não as características.

LINKS

Eriksson pede debate sobre 'Jabulani'
"Jabulani", a bola do Mundial, é mais difícil de controlar, afirma estudo
Jabulani ou como a FIFA arruinou o Mundial...
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terça-feira, 15 de junho de 2010

A imagem diz tudo