A Jabulani está arruinando a Copa do Mundo
Não importa o jogo de cena de quem, por interesses de patrocínio, acusa ou defende a bola do mundial da África. Depois de assistir a todos os 16 jogos da primeira rodada, ficou claro que ela é realmente a culpada pelo mau desempenho dos ataques.
Faz anos que os goleiros reclamam das novas bolas lançadas a cada temporada, dizendo que elas são feitas para beneficiar os atacantes porque fazem efeitos demais. Ironicamente, agora é diferente: a bola está prejudicando os ataques.
Mesmo respeitando os padrões da FIFA, a Jabulani é de algum modo mais leve e ligeira do que a que os jogadores costumam usar. Assim, em todos os jogos são incontáveis as finalizações para cima do gol e, principalmente, os passes em que as bolas correm demais e saem sem que os atacantes possam alcançá-las.
Os gramados do Mundial são sensacionais, e isso só colabora para acelerar ainda mais a bola.
Todas as seleções estrearam, e foram marcados somente 25 gols, numa média de 1,56 gols por partida. É ridiculamente baixa. A menor média numa Copa foi a da Itália em 1990, com 2,21 gols por partida. Foi considerada tão baixa na época, que motivou o aumento da pontuação dada ao vencedor — passando de 2 para 3 pontos.
E estamos 30% abaixo daquela média!
Isso tem que ter um motivo, e não é a qualidade dos jogadores, nem as táticas. Esperava-se uma Copa com destaques ofensivos como Cristiano Ronaldo, Drogba, Messi, Robinho, além de equipes que atacam bastante, como a Holanda, a Argentina e a Espanha. E de fato vi muitos times tentando atacar, e atacando. Mas as jogadas não acontecem, porque a bola escapa o tempo todo, atrapalhando tanto os ataques quanto os contra-ataques rápidos.
A culpa também não é da “altitude”. A média de gols dos jogos nas cidades acima de 1.000 metros é até um pouco mais alta: 1,67 por jogo. A bola é ruim perto do mar ou longe dele.
A revista Placar pediu para Marcelinho Carioca testar a bola. Ele aprovou. Mas no vídeo da matéria eu só o vi chutando a bola paradinha no chão. Em condições de jogo é outra coisa. A bola é imprevisível e se mexe muito. O jogador pensa em pegar nela de um jeito, e acaba pegando de outro. (Veja os links no final.)
O blá-blá-blá de comentaristas como o Falcão, que diz que “jogadores de qualidade têm que se acostumar”, não se sustenta. O período de adaptação é curto, já foram realizados 25% dos jogos da Copa. Além disso, a adaptação necessariamente levaria a uma mudança de tipo de jogo, ou seja, as equipes teriam de fazer algo diferente daquilo que treinaram. Em consequência, cai o desempenho.
Tenho certeza de que a FIFA e a Adidas estão preocupadas com isso neste momento. Não conseguirão fabricar outra bola a tempo. E as Jabulanis da Copa já estão fabricadas e personalizadas.
O que fazer?
Agora é tarde. Trocar a bola por outra mais antiga não vai ocorrer. O que espero é que parem de palhaçada com as bolas de futebol. Quer vender? Muda o nome, muda a estampa, muda as cores. Mas não as características.
LINKS
Eriksson pede debate sobre 'Jabulani'
"Jabulani", a bola do Mundial, é mais difícil de controlar, afirma estudo
Jabulani ou como a FIFA arruinou o Mundial...
Notícias, notícias e notícias…
1 comentários :
O Marcelinho gostar não é estranho porque ele adora isso mesmo, bola com efeito. Se a bola realmente carece de precisão então é possível que esteja arruinando a copa.
Postar um comentário