Brasil 2014
Em 2006, a França jogou melhor e mereceu ganhar do Brasil.
Infelizmente, em 2010, acredito que a Holanda não fez de fato um jogo melhor. Escapou por pouco de o Brasil ter liquidado no 1.o tempo, contou com uma falha incrível para empatar — e apoiou-se no nervosismo que essa falha provocou no Brasil.
Ao longo de 3 anos e meio, Dunga fez um ótimo trabalho, ganhando a Copa América, a Copa das Confederações e as Eliminatórias. Esses feitos costumam parecer sem importância em contraste com uma derrota na Copa do Mundo, mas lembremos que Pelé e toda a sua geração nunca conquistou uma Copa América.
Não adianta ficar com “explicacionismo”, porque o Brasil bem poderia ter vencido o jogo. E vinha tendo um desempenho bom na competição.
Mas desde o princípio estranhei o nervosismo e a irritação do time. Nos primeiros minutos já era possível ver Robinho bufando pra lá e pra cá. Isso numa Copa em que Kaká já havia perdido a cabeça. Michel Bastos ficou perto do vermelho, que saiu para Felipe Melo.
Seria um reflexo da postura de seu treinador?
O que me parece é que 2006-2010 foram Copas do “8 ou 80” para o Brasil. Com Parreira, era o oba-oba do “quarteto mágico”, o bacanal da imprensa na concentração, todos felizes — até vir o desempenho pífio, em especial de Ronaldinho Gaúcho, e a eliminação.
Aí entrou Dunga para fazer “tudo diferente”. Foi do 8 para o 80, ou vice-versa. Time de mais marcação, guerra total contra a imprensa, festival de carrancas. Sempre muito eficiente, mas que na hora do aperto não teve o jogo de cintura para suportar o próprio erro. Entrou numa loucura da autocrítica.
Em 2014, sediando a Copa, terá um grande peso, a grande obrigação de ganhar: depois de 2 fracassos seguidos, jogando em casa, onde perdeu em 1950 — única dentre as campeãs que não tem um título atuando no seu próprio país.
Espero que seja uma seleção mais equilibrada. No futebol e na cabeça.
Dunga errou?
Todos cometem erros. O campeão de 2010 será um treinador que cometeu erros.
Mas o erro de Dunga — que poderia ter passado em branco, mas acabou sendo crítico — foi a ausência de pelo menos mais um jogador habilidoso para o meio de campo.
Ele estava certíssimo ao defender sua convocação, dizendo que tinha chamado jogadores vitoriosos, que cumpriram seu papel quando foram chamados, agarraram a chance.
Por uma infelicidade, Ronaldinho Gaúcho foi um dos jogadores que não agarraram essa chance inicialmente. Porém ele se recuperou e já estava jogando muito bem pelo clube fazia um tempo. Excelente jogador, experiente, com a vantagem de ter sido um grande nome da conquista de 2002 e uma grande decepção em 2006. Como o Ronaldo da Copa Japão/Coreia, poderia entrar com fome de se redimir.
Não, não era Ganso, nem Neymar. Era o Ronaldinho Gaúcho que poderia ter estourado nesta Copa.
Mas não aconteceu.
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